


O bullying é um comportamento que se caracteriza pela ameaça ou agressão (psicológica ou verbal) de forma intencional e repetida e que ocorre sem motivação evidente.
Este comportamento é praticado por um sujeito (designado de bully - valentão) ou por um grupo de sujeitos, com o objectivo de intimidar ou agredir outro sujeito ou grupo de sujeitos. É perpetado por crianças ou jovens que têm, por qualquer motivo, mais força e poder que a vítima.
A escola é um dos lugares onde o bullying é praticado com frequência, uma vez que neste espaço convivem diariamente crianças e/ou adolescentes. Pode ocorrer dentro ou fora da escola, em zonas onde a supervisão adulta é mínima ou inexistente e não está restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana.
O bullying é um problema grave que acontece todos os dias, um pouco por todo o mundo, e que pode levar a vítima à depressão, à perda de auto-estima e, em último caso, ao suicídio conhecido por "bullycide".
Caracterização do bullying
O bullying divide-se em duas categorias:
· Bullying directo - é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos;
· Bullying indirecto - conhecido como agressão social, é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social.
Este isolamento é obtido através de várias técnicas (espalhar comentários; intimidar outros que desejam relacionar-se com a vítima; criticar o seu modo de vestir, a sua etnia ou religião, incapacidades…).
Existem 5 tipos de actores co-implicados no bullying:
1. Agressor – pretende obter força, poder e domínio; ter fama e popularidade na escola amedrontando os outros;
2. Vítima;
3. Defenders – alunos que defendem as vítimas e são contra o bullying;
4. Bystanders – alunos que presenciam a situação e reforçam positivamente a acção do agressor;
5. Outsiders – alunos que não se manifestam nem de forma positiva nem de forma negativa perante o bullying.
A potencial vítima pode ser uma criança ou um jovem que apresente determinada característica que a torne um alvo fácil, como por exemplo, ser mais gorda/magra, gaguejar, usar óculos... Os pais e educadores devem estar atentos a possíveis sinais (fobia à escola, baixo rendimento, depressão, baixa auto-estima, etc.) que possam surgir por parte dos filhos ou alunos. O bullying não deve ser confundido com as brincadeiras que normalmente acontecem na infância e adolescência.
Técnicas de bullying
· Os bullies combinam a intimidação e a humilhação para atormentar os outros. Por exemplo:
· Roubar e/ou danificar objectos pessoais de uma pessoa, como livros ou material escolar, roupas… Espalhar rumores e comentários negativos sobre a vítima (trocar e passar mensagens ou bilhetes falando mal da pessoa em causa);
· Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a;
· Fazer comentários negativos sobre a família da pessoa, sobre a sua aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de vida, nacionalidade…
· Levar a vítima ao isolamento social;
· Praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em variados sites);
· Fazer chantagem;
· Utilizar expressões ameaçadoras;
· Chamar nomes aos colegas;
· Agredir física e/ou verbalmente colegas, de forma sistemática e prolongada no tempo;
· "Fazer chacota" (cochichar) continuamente sobre a vítima;
· Tirar bens aos colegas (dinheiro, objectos pessoais...).
Efeitos do bullying
Quando praticado de forma persistente pode ter um ou vários efeitos no sujeito e/ou no ambiente onde ocorre.
Efeitos sobre o sujeito:
· Ansiedade Sensibilidade a determinadas brincadeiras
· Perda de auto-estima
· Tristeza e irritação
· Medo de expressar emoções
· Problemas de relacionamento
· Abuso de drogas e álcool
· Auto-mutilação e mesmo suicídio (bullycídio)
Efeitos no ambiente escolar:
· Níveis elevados de abstinência escolar
· Alta rotatividade do quadro de pessoal
· Desrespeito pelos professores
· Número de faltas elevado
· Porte de arma por parte de crianças com o objectivo de se protegerem
Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?
Quando não existe uma intervenção efectiva contra o bullying, o ambiente escolar torna-se problemático. Todos os intervenientes no espaço escolar são (sem excepção) afectados de forma negativa, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo que poderão desencadear outros ainda mais graves para a sociedade, como o abandono escolar, doenças psicossociais...
Para a eliminação da violência na escola, devem ser criadas e tomadas as medidas necessárias por parte das entidades responsáveis. Quando são bem aplicadas e é envolvida toda a comunidade escolar, contribuem para o convívio saudável e equilibrado, ou seja, para a formação de uma cultura de não-violência na escola, e de uma forma mais geral, na sociedade.
Para saber mais: www.violencia.online.ptwww.dgsaude.ptwww.bullyonline.orgwww.childline.org.ukwww.stopbullyingnow.com www.psicologia.org.br
Fonte: Sexualidade em linha, IPJ
A mediação, como um método para resolver conflitos, é um processo voluntário em que se dá a oportunidade a dois ou mais sujeitos em conflito para que se reúnam com pessoas neutras (mediadores), a fim de falarem do seu problema e tentarem chegar a um acordo.
Constitui uma entre várias alternativas para a solução de conflitos em meio escolar. A iniciativa da mediação pode partir das partes envolvidas no conflito, ou de elementos da comunidade escolar (Directores de Turma, professores, funcionários, pais, alunos ou órgãos de gestão).
É suposto que os mediadores apresentem um perfil que inclua, entre outras características, a capacidade de escutar, de negociar, de buscar o acordo, de propor o pacto, de suscitar a reflexão entre os intervenientes no conflito, de ajudar a criar novos laços para garantir soluções futuras, de facilitar a comunicação, de eliminar obstáculos, de gerar alternativas com benefício mútuo, de garantir a confidencialidade e a neutralidade.
a) Incluir na categoria de violência também formas leves (incivilidades) usualmente ignoradas, nomeadamente linguagem imprópria, gestos e comportamentos incorrectos;
b) Tipificar, na medida do possível, os comportamentos violentos e divulgá-los ou dá-los a conhecer através de aprendizagens positivas (por ex. através das áreas transdisciplinares);
c) Aceitar a conflitualidade como “natural” e aproveitar o conflito como oportunidade de intervenção educativa;
d) Propor sempre a prevalência do diálogo, em vez da simples solução punitiva;
e) Aceitar que nem todos os conflitos serão resolvidos por mediação e que a punição é um caminho indispensável em muitas situações;
f) Considerar a existência de três fases no tratamento de um conflito: reparação, reconciliação, resolução;
g) Considerar que as aprendizagens sociais têm que ser ensinadas/aprendidas e não advêm apenas do convívio social;
h) Considerar como problemas a resolver tanto o que diz respeito ao agressor, como à vítima ou aos “espectadores” (no caso da violência entre iguais).
a) Prevenir a conflitualidade resultante da violência leve ou da violência aberta (verbal, física, social ou sobre bens de outros);
b) Garantir um clima favorável ao desenvolvimento de uma convivência social saudável e de aprendizagens frutuosas;
c) Resolver a conflitualidade, prioritariamente, por mediação;
d) Reforçar a disciplina e a autoridade do professor e de todos os agentes educativos.
a) Aproveitar as áreas curriculares de carácter transversal (formação cívica, área de projecto, estudo acompanhado), nos anos de escolaridade em que isso for possível, para implementar programas positivos de aprendizagem de competências sociais e emocionais, na perspectiva da prevenção da conflitualidade;
b) Conceber e levar à prática programas de aprendizagem das competências sociais e emocionais com turmas e/ou grupos de alunos e/ou utilizar determinados conteúdos programáticos para reforçar o desenvolvimento dessas competências;
c) Estabelecer parcerias com instituições da comunidade educativa (famílias, associações, autarquias ou serviços sociais) com vista ao desenvolvimento de acções e programas de educação para a cidadania;
d) Responsabilizar as famílias dos alunos envolvidos em conflitos particularmente graves e, se necessário, propor o acompanhamento das mesmas pela Segurança Social;
e) Aperfeiçoar alguns aspectos da organização escolar (regulamentos, programas, actividades) que possam constituir focos de instabilidade;
f) Equipar, através da formação contínua, os agentes educativos (em especial os professores) para a dinâmica da prevenção e resolução de conflitos;
g) Promover estudos dirigidos ao conhecimento da realidade, através do lançamento de inquéritos orientados ou da análise de casos e procedimentos comuns;
h) Elaborar projectos e programas de acção no domínio da resolução de conflitos, com definição das áreas prioritárias e dos processos de actuação, tendo em conta a realidade concreta de cada situação. Implementar medidas de prevenção de conflitos em colaboração com outras instituições da comunidade educativa;
i) Promover a formação de professores, em cadeia, no domínio da resolução de conflitos, através de mediação;
j) Promover a produção de materiais e instrumentos de trabalho para o desenvolvimento de boas práticas no domínio da educação para a não-violência e o auto-controlo.
A prevenção de conflitos deverá constituir uma prioridade de toda a comunidade educativa, com o objectivo de evitar a conflitualidade.